Caves Velhas, Touriga Nacional


Ainda estou para perceber porque é que os nossos escanções evitam classificar os vinhos como ásperos ou adstringentes; porque é que a aspereza e a agrura são tão mal cotadas quando se fala de vinho. Será isto a hipocrisia enológica? No fim, as pessoas bebem e gostam na mesma, por isso vamos lá a chamar os bois pelos nomes.
Este vinho é ácido e acre, e ainda bem porque eu gosto. Tenho evitado vinhos doces e amadeirados e por isso é que me tenho afastado dos alentejanos nos últimos tempos.

Aqui há uns anos corri as garrafeiras todas de Lisboa a comprar o Caves Velhas 1999, um dos melhores vinhos que bebi. 12% de álcool, ácido, um vinho honesto. E este Touriga Nacional é tão bom ou melhor. Mas atenção: é um vinho para apreciadores de vinho e não para meninas que gostam de vinhos alcoólicos e açucarados.

CavesVelhas

Caves Velhas, Dão tinto 2012 Reserva, 13% de álcool, Touriga Nacional. Entra áspero e sai áspero, que é como quem diz: tem um ataque áspero e na boca deixa uma adstringência prolongada. Pelo meio tem um travo a amora líquida e passa de ameixa. Roxo forte, ácido e adstringente principalmente, e apenas meio doce e de corpo médio. Lá no fundo, no fundo, tem um travo a pipa velha – madeira usada e enxofrada – mas é mesmo subtil e confere-lhe uma particularidade muito própria.
Excelente para beber no verão e para acompanhar pratos pesados no outono e no inverno.

Foi uma crónica extensa. A cr
onica que este vinho merece.


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