Dois vinhos já com uns anos, e com um sabor da passagem do tempo. Dois vinhos que já perderam o impacto inicial e exuberante da fruta acabada de esmagar, mas que retêm bastante presente a frescura da uva entrosada com sabores do mais além…
Percebem-se melhor os vinhos, bebendo-os em conjunto: um golo de um, um golo de outro. Aqui vão os comentários, em crescendo.
Frei João, Bairrada tinto 2010, 13% de álcool, Baga (45%), Touriga Nacional (25%), Syrah (23%) e Cabernet Sauvignon (7%). Fruta madura, com um fundo de picos e borbulhante. Vermelho, bordô. Meio corpo, mais doce que o Cabeça de Burro. Um toque a caramelo fumado, que o aproxima de um vinho velho (fumado), mas que o afasta do Cabeça de Burro pela doçura.
Cabeça de Burro, Douro tinto 2011, 13,5% de álcool, inclui uvas de vinhas velhas, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Madeira velha com uma base de fruta fresca. Vermelho escuro, quase sangue de boi, embora não tão espesso. Meio corpo, mais acre que doce, e mediamente acidulado. O acre vem da madeira velha e lavada com enxofre, mas cria um vinho que faz lembrar caravelas e brigues de corsários. Uma viagem no tempo, este Cabeça de Burro. 🙂