Salada Russa


Acabou agora o jogo em que o Escolário vai ser expulso da bola para sempre. Ah granda Escolário, um gajo perde, mas dá porrada. É assim mesmo. Estou contigo.

Vi o jogo sem história, enquanto bebia uma bela garrafa de Quinta Vale D. Maria, 2004, tinto, Douro, a acompanhar uns petiscos (muitos) do Médio Oriente(1). Um vinho simultaneamente doce e áspero como todos os bons vinhos do Douro. Mas é fermentado em cubas de inox e, por isso, provavelmente não volto a bebê-lo.

Alguém, daqueles leitores velhinhos, ainda se lembra como é que, antes do 25 de Abril, se designava a Salada Russa? Eu lembro-me que não se podia dizer de um louro que era russo (cabelo russo, cabelo louro), ou tinha-se logo a PIDE à perna. Mas a salada russa!? Seria uma excepção, ou tinha um nome do tipo Salada Loura? Não é que as louras não se comam, mas…

Ontem, em conversa com a editora-chefe, a quem devo muito respeito (e vocês leitores, baixem lá a carola em sinal de deferência), fiz uma descoberta antropológica interessantísima. Queixava-me eu de por vezes (raríssimas) ter que fazer trabalho de mulher (guardar comida no frigorífico).

“Trabalho de mulher?” retorquiu a nossa editrice capo indignada. E aí fez-se luz na minha cabeça – talvez luz de fome, que já não comia há 10 horas (os grandes iluminados fazem jejum para atingirem o Satori) – e disse-lhe:

– Numa empresa nem todos são chefes, nem todos são administrativos, nem todos são porteiros. E o que é um casamento senão uma empresa? Porque é que se hão de dividir as tarefas [na horizontal]? Há que aproveitar as melhores capacidades de cada um naquilo que sabem fazer melhor.

Pôr um gajo com facilidade de comunicação – um potencial vendedor – a varrer o chão, é dar um tiro no pé. As/os feministas maníacas/os da igualdade são simplesmente gajas/os estúpidas/os. São de certeza comunistas (daqueles ferrenhos, com um entreferro no cérebro) e nunca vão ter sucesso empresarial.

E quem é o ToxInOx?

(1) O Médio Oriente, para quem não sabe, é uma designação militar britânica da 1ª Guerra Mundial, de quando a região era uma colónia britânica. Era uma forma prática e conveniente de subdividir todo o Oriente em parcelas: aquilo era tudo nosso (deles). É uma designação orientalista, que é como quem diz, de cariz colonialista. É nossa, não é deles, nem aceite por eles. Eles, os habitantes daquela região. Os buchas e outros paspalhos continuam a chamar àquela região “Médio Oriente” e, de cada vez que o fazem, espetam-lhe uma faca nas costas, ou enfiam-lhe um avião por dentro de uma casa. E depois admiram-se.


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