Se há coisa que tenho evitado, nestes últimos anos, é comprar vinho com sabor forte a madeira. A madeira em excesso – principalmente o carvalho americano – obscurece toda a riqueza de um vinho, nomeadamente todos os sabores subtis como alguma acidez, adstringência, e todos os outros sabores marginais que vão surgindo aqui e ali nos vinhos de norte a sul: tabaco, chocolate, fruta tropical, pimenta, e por aí fora.
Estes quatro vinhos – comprados ao engano – têm demasiada madeira para o meu gosto. Não são os únicos: procurem mais em: MADEIRA. Qualquer deles beneficiava em cortar o sabor a madeira a metade.
Dona Ermelinda, Palmela tinto 2012 Reserva, 14,5% de álcool, Castelão, Touriga Nacional, Trincadeira e Cabernet Sauvignon, 12 meses em carvalho francês. Um sabor intenso madeira, um dos mais fortes deste grupo.
Quinta da Lagoalva, Tejo tinto 2012 Reserva, 13,5% de álcool, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Syrah, 10 meses em carvalho francês. Meio encorpado, muito mais amadeirado que os de anos anteriores, mas ainda assim um equilíbrio razoávelentre o amargo, o acre e o doce.
Quinta da Alorna, Tejo tinto 2011, 13% de álcool, Tinta Roriz, Castelão, Syrah e Alicante Bouschet. Bem mais madeirado que o 2009 que quase esconde os travos a doce e a ácido.
Paço do Conde, Alentejo tinto 2011 Reserva, 14% de álcool, Syrah, Alicante Bouschet e Touriga Nacional. Um doce típico alentejano, com sabor a frutos pequenos das encostas, mas muito penalizado pelo excesso de madeira.
2 comentários a “Quatro madeiras”
Há uns tempos bebi um vinho de seu nome “Monte dos Cabaços Reserva Tinto 2005” que pensei que tava mesmo como dizes a bebericar suco de madeira, nao saía nada dali, nenhum vinho…nada! Após um comentário a este vinho na esfera enófila do facebook foi espezinhado por um senhor de um blog bastante conhecido que me disse para beber e me calar…como se isto de beber e apreciar vinhos fosse apenas digno dos reis…se o vinho me soube a madeira nao preciso que alguem me diga como beber o dito vinho…agora percebi talvez apenas sejam apreciadores da madeira…existe uma profissao para isso deveria-o ter encaminhado para essa arte…é Marcenaria!
Há gostos para tudo. A minha pior desilusão foi o monocasta Touriga Franca da Casa Ermelinda. Sabia tanto a madeira que não consegui perceber a que sabia essa casta.